O 1º DE MAIO, O PINGO DOCE E A MISÉRIA NACIONAL
O episódio
do dia 1º de Maio nos supermercados Pingo
Doce é revelador.
As filas que
pudemos ver à porta daqueles supermercados trazem à memória os tempos do
racionamento nos anos 40, em que se podiam visionar filas enormes à porta dos
estabelecimentos comerciais para reclamar os parcos mantimentos a que os
portugueses tinham direito, ou aquelas outras na ex-URSS para reclamar as
escassas provisões a que os soviéticos tinham direito contra a apresentação das
senhas de racionamento.
Mas no
passado dia 1 de Maio foi diferente.
Não havia
guerra. Não havia economia estatizada. Não havia racionamento.
Mas uma
coisa havia em comum com esses tempos: a miséria.
O episódio
do Pingo Doce, veio, assim, por a nu
o estado necessidade e miséria a que os portugueses estão a ser conduzidos.
Ela é de tal
ordem que não tardou a haver desacatos, chegando-nos as notícias de que
(pasme-se) até houve feridos!
O estado de
necessidade dos portugueses já está, por isso, a assumir proporções que, não
tarda, terá repercussões mais sérias sobre a ordem pública.
No passado
tivemos miséria por causa da guerra.
Esperemos
que o futuro não nos traga guerra por causa da miséria.
Miguel
Salgueiro Meira